quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Movimento republicano ganha força na Austrália

 

País é uma monarquia constitucional que tem a rainha britânica, Elizabeth 2ª, como chefe de Estado. Campanha republicana defende "soberania da nação" e quer o fim dessa relação com o Reino Unido.

A pressão sobre o governo australiano para cortar os laços com a monarquia britânica aumentou no Dia da Austrália, comemorado nesta terça-feira (26/01), após o discurso do ex-líder do Exército David Morrison ao receber o título de Australiano do Ano de 2016. O feriado nacional celebra justamente o início da colonização britânica na região.
Em seu discurso, na noite desta segunda-feira, Morrison afirmou que pretende usar sua notoriedade em prol da campanha republicana que visa o corte dos laços constitucionais com o Reino Unido.
O militar defendeu ainda a realização de um referendo sobre o futuro do sistema político do país. "Sou integrante do movimento republicano. Tenho sido republicano a minha vida toda. Quando servi ao Exército, esses pontos de vista, porém, eram privados", disse Morrison a uma emissora australiana.
A Austrália é uma monarquia constitucional e tem como soberana a rainha britânica, Elizabeth 2ª. Seu papel na liderança do país é sobretudo cerimonial, mas a monarca tem o poder de dissolver o Parlamento, como já aconteceu em 1975.
Em 1999, mais da metade dos australianos disseram não à república em um referendo. No entanto, o Movimento da República Australiana voltou a ganhar força recentemente. Governantes de sete dos oito estados e territórios do país assinaram nesta segunda-feira uma declaração de apoio à iniciativa e defenderam que o país se torne uma república até 2020.
"Já passou a hora de a Austrália se tornar uma nação soberana. Qualquer país independente que se preze deseja que seus cidadãos escolham seu chefe de Estado", afirmou Jay Weatherill, governador da Austrália do Sul.
As esperanças de mudança no sistema político aumentaram no ano passado, quando Malcolm Turnbull, um republicano convicto, assumiu o posto de primeiro-ministro, em setembro. Apesar de defender a república, Turnbull disse que a questão não era prioridade e afirmou que a realização de um referendo durante o reinado da atual monarca seria improvável.
O apoio da população para a mudança vem oscilando nos últimos anos. Pesquisas recentes, no entanto, apontam que uma pequena maioria é a favor.

Autarcas monarquicos se reúnem na ilha da Madeira

Decorreu este fim de semana no Funchal a segunda convenção nacional da Associação de Autarcas Monárquicos. Mais de cem pessoas discutiram a monarquia, a democracia participativa e as questões das autarquias
A Madeira recebeu de forma condigna a segunda convenção nacional da APAM, a associação que congrega autarcas de inspiração monárquica de todos os partidos (e independentes), numa sexta-feira profícua em trabalho e debate e que contou com a presença das principais forças partidárias, tendo o debate franco de ideias contado com a participação de representantes de todos os partidos parlamentares e de representantes da CM Funchal e do Governo Regional.
A Convenção, que teve a presença de SA Dom Francisco de Bragança van Uden, bisneto do Rei D. Miguel e em representação de SAR D. Duarte, debateu as principais temáticas dos autarcas, teve cerca de 120 participantes, superando de forma significativa a primeira projecção da organização, que contava com cerca de oitenta associados e convidados presentes. A união entre municípios e as actividades comuns são dos temas sempre presentes nos debates da APAM, que entende que apenas valorizando as boas práticas e os projectos que visam verdadeiramente o bem estar das populações é que os autarcas estão a cumprir o papel para o qual foram eleitos.
A crise de valores na política portuguesa foi dos principais pontos de debate tendo o presidente da direcção, Manuel Beninger, no discurso de encerramento referido que “Temos que ajudar todos a reforçar a nobreza de ser político, a arte máxima de honrar compromissos, de abrir caminhos para situações em que todos ganhem, a começar pelas populações! Temos que recentrar na monarquia esta capacidade de escuta, de compreensão e de identificação com a cidadania, com o sentir do povo”. Manuel Beninger reforçou igualmente que um autarca monárquico deve “estar acima da política como ela é hoje praticada e ser alguém que interaja com as populações, que estabeleça parcerias, que não deixe ninguém de fora dos compromissos e iniciativas.
Aberta a todos os partidos e a independentes, a APAM é a verdadeira marca do poder local e cumpre o desígnio de alargarmos o nosso pensamento, criar pontes de relacionamento franco e unir o municipalismo português.

Por que um regente de 96 anos substitui o rei da Tailândia?

 

 

Após a morte do rei da Tailândia, a regência foi confiada ao seu conselheiro mais próximo, o general reformado de 96 anos Prem Tinsulanonda, uma "eminência parda" da política do reino há décadas. O que isso significa para o país? - Quem é Prem Tinsulanonda? Prem Tinsulanonda é um dos personagens mais ativos da política tailandesa, apesar de sua idade, e quando aparece em público caminha sem bengala e parece estar em bom estado de saúde. Este general reformado, que foi comandante em chefe das Forças Armadas entre 1978 e 1980, dirigia há anos o Conselho Privado do rei Bhumibol Adulyadej, um organismo muito poderoso. Dispõe de um poder "inigualável na Tailândia", segundo Paul Handley, autor da biografia "The king never smiles", proibida na Tailândia. Em 1980, Tinsulanonda tomou o poder através de um golpe de Estado aprovado pelo rei e durante a época em que foi primeiro-ministro, de 1980 a 1988, a Tailândia viveu um dos períodos políticos e econômicos mais estáveis de sua história moderna. "Prem manipulou a política nos bastidores, movendo os pauzinhos por mais de uma década nas Forças Armadas e na administração a partir de seu cargo no Conselho Privado do rei", destaca Paul Handley, atualmente jornalista da AFP. - Quais são seus vínculos com a monarquia? Prem era a "eminência parda" do rei, afirma Paul Chambers, especialista nas Forças Armadas tailandesas. "Conseguiu converter as Forças Armadas em uma engrenagem da monarquia e em uma instituição potente na vida política tailandesa", destaca. O ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra - detestado pelas elites monárquicas e por uma grande parte das Forças Armadas devido ao êxito popular de sua política, que o colocava em concorrência com o rei - havia se convertido na "ameaça número um" para a monarquia. "Prem ajudou a retirá-lo" da política com o golpe de Estado de 2006, explica Pavin Chachavalpongpun, especialista político exilado desde o último golpe de Estado, em 2014. - Por que é regente e durante quanto tempo? Seu papel de regente é automático devido à Constituição, que prevê a chegada a este posto do presidente do Conselho Privado do rei até a posse do novo soberano. Segundo o chefe da junta militar que governa a Tailândia desde 2014, o príncipe herdeiro Maha Vajiralongkorn pediu um prazo antes de assumir o trono, o que ativou automaticamente a regência. Até o momento não se sabe por quanto tempo a regência durará. O chefe da junta, Cha-O-Cha, deu a entender que pode durar até a cremação do rei, ou seja, um ano. Desde a morte do rei, nem o príncipe herdeiro, nem o regente se expressaram publicamente. A regência durará até que seja estabelecido um novo equilíbrio de poder entre os militares, a velha guarda de Palácio e o príncipe herdeiro. Durante seus 70 anos de reinado, Bhumibol havia estabelecido sólidos vínculos pessoais com as Forças Armadas, instituição muito debilitada quando Bhumibol chegou ao trono, em 1946. Agora tudo depende das negociações de bastidores e, em particular, do envolvimento do príncipe herdeiro, que até agora vivia a maior parte do tempo na Alemanha, sem se ocupar dos assuntos do reino.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Morre aos 80 anos Kigeli V, o último rei de Ruanda

 Nascido em Kamembe, o monarca marchou ao exílio em 1960   

O último rei de Ruanda, Kigeli V, morreu neste domingo, aos 80 anos, nos Estados Unidos, informou seu site oficial.
Nascido Jean-Baptiste Ndahindurwa em Kamembe, o monarca marchou ao exílio em 1960 depois de se chocar com a administração colonial belga.
Kigeli V sucedeu no trono em 1959 seu meio-irmão Mutara III, antes da “revolução social” hutu de novembro daquele ano, que expulsou do país dezenas de milhares de tutsis, a maioria dos quais não voltaram ao país até depois do genocídio de 1994.
Kigeli V era tutsi, mas, segundo a tradição, a realeza estava acima das diferenças raciais e representava todos os ruandeses.
No entanto, ao se apoiar na minoria tutsi para dirigir o país e excluir a maioria hutu de qualquer cargo importante, a metrópole belga havia aprofundado os antagonismos. Assim, a monarquia se converteu pouco a pouco aos olhos da maioria oprimida em uma instituição tutsi.
Após a “revolução social” que colocou fim à ordem hierárquica do período colonial belga, a realeza, já muito enfraquecida, se manteve em um primeiro momento.
Mas em 1960 o rei pediu às Nações Unidas que o ajudasse a obter a independência de Ruanda, e as autoridades belgas, ao ficarem cientes, o expulsaram do país.
Em setembro de 1961 a monarquia foi abolida por referendo, um ano antes de Ruanda conquistar sua independência.
Kigeli V viveu exilado em vários países africanos antes de se instalar nos subúrbios de Washington em 1992.

O crime de lesa-majestade

A junta militar que governa a Tailândia convocou nesta terça-feira o povo a “punir” aqueles que criticam a monarquia, no momento em que vídeos são divulgados nas redes sociais de tailandeses agredidos por suas supostas posições antimonárquicas.
“Não há melhor maneira de castigar estas pessoas que puni-las socialmente”, declarou o ministro da Justiça, general Paiboon Koomchaya.
Também pediu que “denunciem à justiça aqueles que violam a lei”, em um país onde o crime de lesa-majestade pode ser punido com muitos anos de prisão.
O ministro não comentou o caso de uma mulher detida no domingo na ilha Samui (sul) por difamação, depois que publicou um texto no Facebook sobre o príncipe e o regente e ante a pressão exercida por uma multidão furiosa reunida diante da delegacia.
Procurado pela AFP, um comandante da polícia local celebrou o fato de ter obrigado a mulher a “pedir desculpas em público diante do retrato do rei”.
Nos últimos dias circularam vídeos nas redes sociais de pessoas agredidas por multidões que as acusavam de falta de fervor monárquico.
Um vídeo, exibido ao vivo na segunda-feira pelo Facebook, mostra várias pessoas agredindo um homem e obrigando o mesmo a ajoelhar e pedir desculpas por ter insultado a monarquia.
Cinco dias depois da morte do rei Bhumibol Adulyadej, que tinha status de semideus e estava protegido por uma lei draconiana de lesa-majestade, as agressões representam o primeiro sinal de ruptura com a imagem de uma nação unida no luto, divulgada todos os dias pela televisão.

MONARQUIA SOBREVIVE AINDA AOS TEMPOS MODERNOS, PORQUE SE MODERNIZAM

A adoração dos tailandeses por seu rei era única, mas outros monarcas, de Elizabeth II, da Inglaterra, a Mohamed VI do Marrocos, têm conseguido manter o apoio a uma instituição considerada antiquada por muitos.
Existem cerca de 40 países no mundo governados por monarcas, 16 deles por Elizabeth II, chefe de Estado de países como Canadá, Austrália ou Nova Zelândia e outros da Commonwealth, antigo Império Britânico.
Há monarquias parlamentares, absolutas e inclusive eleitas, como no Vaticano ou em Andorra – onde os chefes de Estado, denominados “príncipes” são o presidente da França e o bispo da vizinha cidade espanhola de La Seu d’Urgell.
“A monarquia britânica desfruta de uma popularidade de 70% a 80%, cifras pelas quais os políticos matariam”, disse   o professor Robert Hazell, do departamento de temas constitucionais da Universidade College de Londres.
Uma popularidade estreitamente associada à da rainha Elizabeth II. Aos 90 anos, ela soma 64 no trono, e seu reinado era superado no mundo unicamente por um rei, o tailandês Bhumibol Adulyadej, Rama IX, falecido na quinta-feira, após 70 anos de reinado.
“Somos uma monarquia há quase mil anos e durante este tempo, a Grã-Bretanha teve uma história relativamente pacífica”, lembrou Hazell, citando um dos fatores que explicam a vigência desta velha instituição hereditária.
Uma instituição sensível a escândalos
Outros monarcas, lembrou Hazell, cimentaram sua reputação em “seu papel em superar a opressão militar ou a ditadura”, citando os monarcas escandinavos, que enfrentaram os nazistas, ou o recém-abdicado Juan Carlos I, da Espanha, que comandou a passagem de seu país da ditadura de Franco para a democracia.
No caso da Espanha, a instituição persiste, mas o atual monarca, Felipe VI, tem diante de si o desafio de fazer os súditos esquecerem que sua irmã e seu cunhado são julgados por corrupção e que seu pai protagonizou vários escândalos antes de abdicar, como a caça de elefantes Botsuana no pior momento da crise econômica que sacudia o país.
“Supõe-se que a realeza deva ter outra forma de se comportar, exemplar, moralmente impecável”, disse à AFP a jornalista Ana Romero, especialista na monarquia espanhola.
“Em um momento de crise econômica e penúria, foram vistos como pessoas muito egoístas, hedonistas, que pensavam unicamente em seu prazer”, disse a respeito da infanta Cristina e seu marido, Iñaki Urdangarín.
“As monarquias têm um ar de imutáveis, mas de fato são muito vulneráveis a escândalos. Vimos isto recentemente na Espanha”, disse  Philip Murphy, diretor do Instituto de Estudos da Commenwealth e especialista em monarquias.
Um contrato renovável
Com exceção da Espanha e, em menor medida, da Bélgica, as monarquias europeias gozam de boa saúde. As supostas infidelidades cometidas pelo rei sueco Carlos XVI Gustavo da Suécia lhe tiraram popularidade, mas esta se mantém em torno de 65%. Novamente, uma cifra pela qual muitos políticos pagariam.
No norte da África e no Oriente Médio, a Primavera Árabe ameaçou monarquias como as do Bahrein, que recorreu à força para abafar as revoltas, mas países como Jordânia e Marrocos têm reis populares nas figuras de Abdullah II e Mohamed VI, respectivamente.
Nenhum rei ou rainha pode esperar deixar sua popularidade de herança aos filhos, avisou Hazell. “Cada geração tem que renovar o contrato entre a monarquia e o povo. A monarquia não deve ser dada como certa. Precisa ganhar respeito”.

Google removerá ‘insultos’ a monarquia tailandesa do YouTube

 Representantes da Família Real da Tailândia se encontraram com executivos da empresa de tecnologia para pedir a retirada de conteúdos  

O Google anunciou que removerá todo conteúdo negativo sobre a monarquia tailandesa disponível no YouTube. O anúncio foi feito após uma junta representante da Família Real da Tailândia se encontrar com executivos da empresa de tecnologia e pedir a retirada dos conteúdos ofensivos.
O vice primeiro-ministro tailandês, Prajin Juntong, admitiu ter se encontrado com representantes do Google em Bangcoc na última sexta-feira. Segundo ele, a empresa confirmou que ajudariam a remover os conteúdos do YouTube.
  
“Nós sempre tivemos políticas claras e consistentes para os pedidos de retirada de governos de todo o mundo. Nós não mudamos essas políticas na Tailândia”, afirmou um porta-voz do Google ao jornal britânico The Guardian. “Contamos com os governos ao redor do mundo para nos informar sobre esses conteúdos que eles acreditam ser ilegais, e vamos classificá-lo como adequado ou não após uma revisão completa”, disse em um comunicado.
A Tailândia passa atualmente por um período de luto nacional após a morte do adorado rei Bhumibol Adulyadej, há duas semanas. O governo declarou luto oficial de um ano e ordenou que todos usem roupas brancas ou pretas durante todo esse período. A sensibilidade em torno da reputação da monarquia também cresceu muito, já que o governo está sofrendo constante pressão dos mais radicais apoiadores da Família Real para que preserve a tradição e o status dos monarcas mesmo após a morte de Adulyadej.