quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

"Não é apenas um emprego em tempo integral: é toda a sua vida"

A rainha Elizabeth II da Inglaterra, que nesta quarta-feira ostentará o recorde do reinado mais longo da história britânica, se dedicou sem hesitação a seu papel de monarca durante 63 anos.
Elizabeth II nasceu em Londres no dia 21 de abril de 1926. Quando ascendeu ao trono, em 1952, com apenas 25 anos, Winston Churchill era primeiro-ministro, a Índia havia acabado de conseguir sua independência e a Grã-Bretanha ainda governava em partes da Ásia e da África.
Desde então, se converteu em um símbolo de constância que atravessou a desintegração do império, a Guerra Fria, as mudanças sociais do pós-guerra e dos anos 60, e a chegada da era digital, com a abertura de uma conta no Twitter.
Os tempos mudaram e a popularidade da monarquia sofreu altos e baixos, mas a rainha sempre foi uma figura popular, possivelmente a mulher mais reconhecida do mundo.
"Para ela, ser rainha é um grande papel, maior que ela, e é um papel com o qual tenta cumprir", explicou  autora de "A jovem Elizabeth: a criação de uma rainha", quando foram completados os 60 anos de seu reinado, em 2012.
"Não é apenas um emprego em tempo integral: é toda a sua vida", sentenciou.
Elizabeth Alexandra Mary - apelidada de "Lilibeth" por sua família - era a terceira na linha de sucessão ao trono, atrás de seu tio Edward, príncipe de Gales, e seu pai Albert, duque de York.
A princesa se tornou herdeira quando seu tio abdicou como Edward VIII - para se casar com a divorciada americana Wallis Simpson - e seu pai o sucedeu como o rei George VI.
Foi criada por tutoras e se mudou ao palácio de Buckingham em 1937, quando seu pai foi coroado. No fim da Segunda Guerra Mundial, aos 18 anos, se integrou nas Forças Armadas como motorista.
Na mensagem que dirigiu ao país quando completou 21 anos, declarou: "minha vida inteira, seja longa ou curta, será consagrada a seu serviço".
Em novembro daquele ano, 1947, se casou com seu primo em terceiro grau, o comandante naval Philip Mountbatten, que renunciou aos seus títulos de príncipe da Grécia e da Dinamarca para se casar.
Seu primeiro filho, o príncipe Charles, nasceu em 1948. Foi seguido pela princesa Anne, em 1950, pelo príncipe Andrew em 1960 e pelo príncipe Edward em 1964.
Elizabeth estava no Quênia quando seu pai morreu enquanto dormia, em fevereiro de 1952. Estava alojada no hotel Treetops, honrando o ditado de "dormir como uma princesa e acordar como uma rainha".
Seu marido lhe comunicou a notícia e voltaram imediatamente ao Reino Unido. Foi coroada no dia 2 de junho de 1953, sendo a monarca número 40 desde o rei William I em 1066, na primeira cerimônia de coroação transmitida pela televisão.
Elizabeth II chegou a se tornar chefe de Estado de 32 reinos, um número que caiu a 16 atualmente, incluindo o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
Do "annus horribilis" ao respeito recobrado
É uma figura imediatamente reconhecível por seus chapéus, bolsas e vestidos coloridos. Mas nada muito além disso: sua vida particular é um completo enigma.
Gosta das corridas de cavalos e dos cachorros corgis, que sempre teve como animais de estimação.
Em 63 anos de reinado, a soberana passou por períodos de turbulência.
Em 1992, "Annus Horribilis", segundo suas palavras, vieram abaixo os casamentos de três de seus filhos, Charles, Anne e Andrew, e seu querido castelo de Windsor foi atingido pelas chamas.
Mas o pior foi a morte de Diana em 1997, que esteve prestes a provocar o divórcio entre a soberana e seu povo.
Seu desinteresse por Diana, que já não fazia parte oficialmente da família real, a distanciou dos britânicos, afundados em uma profunda dor, mas a rainha terminou por prestar homenagem à "princesa do povo".
Pouco a pouco, a monarquia se recuperou, e o casamento em abril de 2011 de seu neto William, segundo na linha de sucessão, com Kate, devolveu o toque de glamour que muitos buscavam desde a morte de Diana. O casal deu a ela seu primeiro bisneto, o príncipe George, em 22 de julho de 2013, seguido em maio de 2015 pelo nascimento da princesa Charlotte.
Em 9 de setembro Elizabeth se tornará a monarca britânica mais longeva da história, quando completar 23.226 dias, 16 horas e 30 minutos aproximadamente no trono, superando assim sua tataravó Victoria. Durante seu mandato, Elizabeth II acompanhou a passagem de 18 primeiros-ministros britânicos e 15 presidentes dos Estados Unidos.

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