segunda-feira, 27 de abril de 2015

Rebeldes xiitas avançam em Áden, apesar de ofensiva da coalizão árabe

 

Os rebeldes xiitas huthis, apoiados pelo Irã, ganharam terreno neste domingo na cidade iemenita de Áden, um dia depois de a Rússia ter pedido nas Nações Unidas uma pausa nos bombardeios da coalizão árabe por razões humanitárias.
Teerã, por sua parte, pediu ajuda a Omã para conter "imediatamente" esses ataques aéreos, segundo os meios de comunicação iranianos. Omã, que mantém boas relações com o Irã, é a única monarquia do Golfo que não participa na coalizão.
Apesar dos bombardeios iniciados em 26 de março, os rebeldes xiitas, que controlam a capital Sana e as regiões do norte e do leste do país, conseguiram avançar em Áden, onde neste domingo tomaram o controle da administração provincial e se aproximaram do porto, segundo uma autoridade local.
Os huthis e seus aliados, militares fiéis ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, atacaram áreas residenciais, incendiando e danificando moradias, segundo testemunhas, que relataram terem visto mortos e feridos, assim como a fuga de dezenas de famílias.
A rede Áden TV, fiel ao presidente Abd Rabo Mansur Hadi, exilado na Arábia Saudita, foi alvo de disparos de morteiro atribuídos aos rebeldes. "O edifício sofreu danos, mas não registrou vítimas", declarou à AFP um funcionário da rede Áden TV.
Segundo um balanço provisório, cinco civis morreram e 14 ficaram feridos neste domingo em confrontos entre huthis e partidários de Hadi nos bairros de Al Moala e Qalua.
Os xiitas tomaram na quinta-feira o palácio presidencial da cidade, antes de se retirarem na sexta-feira de madrugada por causa dos bombardeios aéreos.
Vários países, como Rússia, Índia, Indonésia e Paquistão, retiraram seus nacionais do país nos últimos dias. China, Djibuti e Sudão devem repatriar seus cidadão neste domingo, segundo o porta-voz saudita da coalizão, o general Ahmed Asiri.
O porta-voz afirmou também que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha decidiu adiar o envio de um avião de ajuda humanitária a Sana, previsto para este domingo.

- Aldeias arrasadas na fronteira -
Nesse contexto de recrudescimento da violência, as ONGs alertam para a situação humanitária e o elevado número de vítimas civis. O último balanço da ONU informou que na quinta-feira havia 519 mortos e 1.700 feridos em duas semanas.
A Arábia Saudita, contudo, não se pronunciou formalmente sobre a trégua nos combates pedida pela Rússia, próxima ao Irã, em um projeto de resolução apresentado no sábado no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A presidente do Conselho, a jordaniana Dina Kawar, disse que os países-membros precisam de "tempo para refletir". A Jordânia integra a coalizão dos países árabes que intervêm no Iêmen para defender Hadi, refugiado em Riad.
Enquanto a coalizão prosseguiu com seus bombardeios noturnos no norte, perto de Sanaa e do reduto huthi de Saada, os enfrentamentos em Loder (sul) deixaram 24 mortos, entre eles 21 combatentes xiitas, de acordo com um partidário de Hadi e uma fonte médica.
Ali Ida, um dos líderes dos Comitês Populares (pro-Hadi), anunciou a tomada desse local pelos rebeldes huthis.
Para impedir um eventual uso por parte dos rebeldes iemenitas, a Arábia Saudita demolirá 96 aldeias inabitadas na fronteira meridional, informou neste domingo o jornal pan-árabe Al Hayat.

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