Ministra do Exterior diz estar decepcionada com rejeição de recurso de
dois australianos condenados à morte. Assim como o brasileiro Rodrigo
Gularte, eles estão entre os próximos na fila de execução.
A ministra do Exterior da Austrália, Julie Bishop, afirmou nesta
quarta-feira (25/02) estar "muito decepcionada" com a última tentativa
frustrada de dois cidadãos australianos presos na Indonésia de se
livrarem do corredor da morte. Eles tiveram os pedidos de clemência
negados um dia antes.
Bishop voltou a apelar por clemência ao presidente indonésio, Joko
Widodo. "Respeitamos a soberania da Indonésia, seu sistema legal. O que
pedimos é que o presidente Widodo mostre misericórdia por esses dois
jovens australianos", declarou a ministra. "Ele [Widodo] é um homem
generoso e misericordioso."
Na terça-feira, um tribunal indonésio rejeitou os recursos de Myuran
Sukumaran, de 33 anos, e Andrew Chan, de 31, para tentar evitar a
execução, que poderá ser realizada nos próximos dias. Líderes da gangue
Bali Nine, os dois foram presos em 2005 ao tentarem entrar na Indonésia
com heroína. A pena de morte foi sentenciada no ano seguinte.
Nesta terça-feira, Widodo afirmou que nenhuma intervenção internacional
vai barrar as execuções dos dois australianos nem de nenhum outro
estrangeiro. Ele tem negado os insistentes apelos enviados por
Austrália, Brasil e França – países com cidadãos inscritos na lista de
próximos fuzilamentos.
Além de Sukumaran e Chan, outros nove devem ser mortos na nova rodada de
fuzilamentos, entre eles o brasileiro Rodrigo Gularte, de 42 anos. Em
2005 Gularte foi julgado e condenado à morte por entrar na Indonésia com
seis quilos de cocaína em pranchas de surfe.
No mês passado, o governo indonésio executou seis presos por tráfico de
drogas, incluindo o brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos.
Ele foi fuzilado após dez anos no corredor da morte. Archer havia sido
preso por tráfico de 13 quilos de cocaína em 2003 e julgado em 2004.
Os pedidos de clemência feitos por Archer e pelo governo brasileiro
foram negados, causando um grande mal-estar diplomático entre os dois
países. Segundo o jornal
The Jakarta Post, o governo indonésio
estaria até mesmo reavaliando a compra de 16 aviões de combate Super
Tucano da Embraer e lança-foguetes do Brasil após o desgaste com o país
sul-americano.
Na segunda-feira, o porta-voz da diplomacia indonésia, Armanatha Nasir,
declarou que o país asiático ainda aguarda um pedido de desculpas de
Brasília pelo adiamento da apresentação das credenciais do embaixador
indonésio designado para o Brasil, Toto Riyanto. O governo brasileiro
chamou de volta seu embaixador na Indonésia para consultas, uma atitude
de protesto.