terça-feira, 20 de janeiro de 2015

1297: Grimaldi conquista Mônaco

 


Um falso monge busca pousada no castelo de Mônaco, sobre um rochedo íngreme entre a Itália e a França, na tempestuosa noite de 8 de janeiro de 1297. Com esse ardil, Francisco Grimaldi conquistou Mônaco naquela noite.
Um homem encapuzado busca pousada numa noite tempestuosa. Ele bate à porta do castelo de Mônaco, num rochedo íngreme à beira-mar, localizado entre a Itália e a França de hoje. Sem suspeitar de nada, os sentinelas abrem os portões. E são massacrados pelo falso monge e seus acompanhantes. Com esse ardil, Francisco Grimaldi, conhecido como "o Traiçoeiro", conquistou Mônaco em 8 de janeiro de 1297.
Grimaldi apoderou-se de um rochedo histórico. Já no século 2º a.C., os gregos utilizavam aqueles dois quilômetros quadrados de costa íngreme como posto avançado da sua navegação marítima. Eles lhe deram o nome de Monoikos. No século 12 d.C., o imperador romano-germânico presenteou o rochedo de Mônaco (nome latino de Monoikos) à República de Gênova, principal centro de comércio internacional da Idade Média.
Para os genoveses, Mônaco era de grande valia, como base naval para o comércio marítimo. Em Gênova, o poder era disputado entre os gibelinos, fiéis ao imperador, e os guelfos, partidários do Papa. Os gibelinos tinham maior influência. Até que seu poder foi reduzido pelo belicoso guelfo Francisco Grimaldi, pelo menos em Mônaco. Lá, Grimaldi declarou-se príncipe.
Sobrevivência através de pirataria
Com atos de pirataria e assaltos às regiões vizinhas, os Grimaldi conseguiram sobreviver. Francisco e seus não menos belicosos descendentes lograram evitar assim que o pequeno pedaço de costa fosse reconquistado. Algumas vezes, a família Grimaldi original viu-se à beira da extinção. Através de uma política astuta, porém, membros de outras famílias nobres foram integrados à dinastia, garantindo assim a continuidade dos Grimaldi. No ano de 1489, o rei da França reconheceu oficialmente a independência do Principado de Mônaco.
Os tempos dourados de Mônaco começaram durante a chamada "Belle Époque", em meados do século 19. O príncipe Charles 3º Grimaldi e sua mãe Charlotte aproveitaram o majestoso panorama marítimo do seu reino em miniatura, assim como a sua proximidade com a mundana Nice. Em 1865, abriram um luxuoso cassino em Mônaco.
Já quatro anos mais tarde, era tão fenomenal o êxito econômico, que o príncipe Charles pôde conceder completa isenção de impostos a todos os seus súditos. Também o setor cultural foi fomentado. No palco da pomposa Ópera de Monte Carlo, a capital de Mônaco, apresentavam-se todas as noites os mais famosos artistas da época. Mônaco tornou-se assim o ponto de encontro dos ricos e ávidos de diversão de todo o mundo.
Mônaco de hoje: dinheiro e badalação
No dia 18 de abril de 1956, começou o mais recente capítulo na aventurosa história do miniprincipado de Mônaco. O príncipe Rainier 3º Grimaldi casou-se com Grace Kelly, estrela de Hollywood, então com 26 anos de idade. A belíssima noiva loura lhe trouxe um dote de 2 milhões de dólares, que o príncipe necessitava com urgência. Ao país, Mônaco, ela trouxe de volta o brilho, o glamour e uma constante atenção da imprensa. Além disso, ela deu três filhos ao príncipe: a garantia de sobrevivência de Mônaco. Pois, sem herdeiro para o trono, o país é incorporado à França, segundo os termos do acordo estatal.
Grace Kelly adotou o nome de princesa Gracia Patricia Grimaldi ao casar-se. Ela faleceu em 1982, num acidente de automóvel. Porém, o jet set internacional, que ela atraíra para Monte Carlo, permaneceu fiel a Mônaco. Os apartamentos dos complexos residenciais de Monte Carlo são ocupados pelos super-ricos de todo o mundo, que também abrem contas sigilosas nos 49 bancos de Mônaco.
Até hoje, os tradicionais privilégios tributários de Mônaco são inigualáveis. As tentativas europeias e internacionais de acabar com as vantagens fiscais monegascas sempre fracassaram. É por isso que o príncipe Rainier 3º denominou Mônaco "a bomba de dinheiro". Os dois monges no brasão estatal relembram como tudo começou, há mais de 700 anos: com Francisco Grimaldi disfarçado de religioso.

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