sexta-feira, 20 de junho de 2014

FELIPE VI QUER UMA NOVA CARA PARA Á MONARQUIA


 

– O rei Felipe VI, de 46 anos, assumiu o trono espanhol com um discursou em prol da “renovação” da monarquia e da “unidade” do país. As palavras do sucessor de Juan Carlos I, que abdicou em 2 de junho, tentam responder aos questionamentos dos espanhóis sobre a manutenção da monarquia e ao desafio separatista na Catalunha e no País Basco. “Terão em mim um chefe de Estado leal e disposto a ouvir, a advertir e a aconselhar, assim como sempre a defender sempre o interesse público”, garantiu. A cerimônia laica de proclamação do novo rei ocorreu diante de mais de mil convidados, incluindo a família real e membros do governo, mas sem a presença de líderes estrangeiros ou representantes de outras monarquias. A infanta Cristina, irmã caçula do novo rei, envolvida em um caso de desvio de verbas públicas com o marido, não participou da solenidade.

Felipe VI iniciará a agenda de trabalho hoje, quando se reunirá com o presidente do governo, Mariano Rajoy. Amanhã, no primeiro ato oficial como rei, ele encontrará vítimas de terrorismo no Palácio de Zurbano. Pela manhã, diante do Parlamento, o monarca jurou respeitar a Constituição, acompanhado da rainha Letizia e das filhas – Leonor, que aos 8 anos se tornou a herdeira do trono, e Sofía, de 7. O juramento foi seguido de gritos de “viva a Espanha” e “viva o rei”. Vestido com uniforme de gala militar, incluindo a faixa de capitão geral dos exércitos, ele exortou o “respeito e proteção” a todas as línguas e culturas da Espanha. “Uma diversidade que nasce de nossa história, nos engrandece e deve nos fortalecer”, afirmou. Como sinal de reconhecimento dessa pluralidade, ele fez agradecimentos em espanhol, catalão, galego e basco.

REPUBLICANOS
Felipe VI reiterou a “fé na unidade da Espanha, da qual a coroa é símbolo”, em referência ao persistente movimento que clama pela independência da Catalunha. A região deve realizar em 9 de novembro um referendo sobre a separação, considerado ilegal pelo governo de Rajoy. A prefeitura de Barcelona, capital catalã, aprovou uma proposta de consulta sobre a preferência popular entre monarquia e república. A despeito de uma proibição declarada pelo Tribunal Superior de Justiça de Madri, centenas de pessoas se reuniram durante a cerimônia para se manifestar em favor da república. Segundo o jornal El País, a polícia prendeu nove pessoas em incidentes relacionados às manifestações.

Embora não tenha mencionado os escândalos de corrupção e os gastos excessivos, que derrubaram a popularidade da família real, Felipe VI prometeu uma monarquia “íntegra e transparente” e anunciou um novo tempo que será construído “com o povo espanhol”. Segundo o monarca, a coroa “deve buscar a proximidade com os cidadãos, (deve) saber ganhar continuamente seu apreço”. Como chefe de um Estado em recuperação econômica, ele disse sentir o dever moral de ajudar os mais afetados pela crise e estabeleceu como “prioridade” a geração de empregos. O rei também destacou “o imenso valor” dos vínculos que unem a Espanha à América Latina.

Após a proclamação, Felipe VI liderou um desfile militar e percorreu o Centro de Madri em carro aberto, ao lado de Letizia. Uma multidão se reuniu diante do Palácio Real para assistir à aparição dos novos reis na varanda, ao lado das filhas e de Juan Carlos I e Sofía. O monarca abdicante não esteve presente à solenidade no Congresso, mas o filho encarregou-se de destacar seu papel na reconciliação do país após a morte do ditador Francisco Franco, em 1975, e o descreveu como representante de “uma geração que abriu caminho para a democracia e o entendimento”

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