sábado, 15 de fevereiro de 2014

Da Nova Zelândia para o Mundo

 

Será a Cultura feita em Portugal um bem verdadeiramente exportável? Lançamos o debate a partir de casos de sucesso e pedimos ajuda ao Luís Oliveira (Antena3) e Luís Costa (You Can't Win, Charlie Brown) na busca da resposta
Durante o ano de 2013 deu-se uma espécie de boom da música neozelandesa. Este boom não é caracterizado pela música tradicional Maori, mas sim pela emergência de música pop e indie rock de elevado valor comercial. Certamente que nomes como Kimbra, Lorde ou Unknown Mortal Orchestra não vos passaram ao lado, uma vez que tiveram bastante air-play nas rádios nacionais.
Não se pode, no entanto, deixar de pensar nas razões que levaram a que, repentinamente, a música neozelandesa passasse a ter tanta visibilidade.
Uma breve investigação, levou-nos à conclusão de que uma das razões foi o Governo ter decidido apostar fortemente na exportação de Cultura. Entre outras acções levadas a cabo com este fim salientamos duas: facilidades financeiras e de know-how para cineastas filmarem na região e fortes apoios para a exportação de música.
A primeira acção prende-se com o facto da Nova Zelândia ter desenvolvido toda uma máquina cinematográfica para andar a par com as suas paisagens avassaladoras; contratos são celebrados e os financiamentos avançam para que filmes sejam lá rodados – veja-se o caso de “Avatar”. Tal acção leva a que outros vejam o País como um destino de eleição para a indústria cinematográfica e o retorno do investimento está, em boa parte, reflectido num crescimento ímpar do turismo para a região.
A segunda acção, aquela com que iniciamos este ensaio, prende-se com a música; e para isso foi criado um projecto que pretende financiar e exportar música durante os próximos dez anos ao qual deram o nome de “Creating Heat – Tumata Kia Whita”. Este projecto assume-se como sendo uma espécie de kick-off para algo que se pretende com continuidade, já que tem como objectivo lançar um “grande nome” todos os anos.
O relatório inicial, elaborado por um painel de 17 peritos e ao qual chamaram “NZ Out There”, foi dividido em três fases distintas, sendo que a primeira pretende identificar os mercados mais abertos a novos artistas, a segunda permitir que estes e o seu management consigam promover os seus trabalhos de forma activa e, por último, financiar digressões de grandes dimensões (aqui salienta-se o nome do pilar “Breaking into the Market”).
Será que o mercado é assim tão teoricamente estável ao ponto de ser exequível?
Apesar de contar com um budget limitado, os responsáveis pelo projecto prevêem que este se torne rapidamente auto-sustentável. No entanto, outros especialistas referem que estes relatórios são utópicos já que nem sequer identificam os países de destino da exportação; mas quatro anos após o início do programa já se apontou um corpo – “NZ Music Industry Commission” – que funciona bem e que pode ser um impulsionador da iniciativa. Uma rápida pesquisa num qualquer motor de busca usando as palavras “NZ music” direcciona-nos para a página deste organismo.
Os artistas, na sua maioria, não apontam o sucesso da nova vaga de música neozelandesa a este conjunto de medidas, pois falta solidificação interna antes da exportação, mas obviamente que as enaltecem pois constituem um esforço por parte das entidades públicas. Lorde pode não identificar este organismo como impulsionador, mas Six60 é um nome a ter em conta, e já presente na segunda vaga de investimento deste projecto.
Casos de Sucesso: Islândia
Este caso, no entanto, não é isolado. A Islândia, no ano de 2006, também criou um organismo, composto por entidades públicas e outras da esfera privada, com o intuito de organizar e divulgar a cena cultural islandesa.
Assim, com a informação organizada e reunida, é mais fácil para todos (de investidores a produtores ou simples curiosos) investigarem e divulgarem a música nacional a nível internacional. E o facto é que este projecto tem dados concretos para apresentar: num ano (2012 para 2013) conseguiram dobrar o número de concertos dados no estrangeiro (de 700 para 1400).
Este organismo ajuda também os artistas e produtores a cumprirem prazos de inscrição para financiamentos e festivais. Björk e Sigur Rós não usaram este organismo, mas talvez os Of Monsters and Men lhes devam algum crédito.

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