domingo, 15 de dezembro de 2013

Manifestantes invadem quartel-general do exército tailandês

 


Os protestos contra o Governo tailandês continuaram nesta sexta-feira, com a invasão do quartel-general do exército, em Banguecoque, mesmo depois de o executivo ter sobrevivido a uma moção de censura. Depois de seis dias de manifestações, a primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, reafirmou que não vai marcar eleições antecipadas.
Cerca de mil pessoas, de acordo com a AFP, invadiram as instalações do quartel-general do exército, na capital tailandesa. Os manifestantes atravessaram os portões e permaneceram no relvado enquanto escutavam discursos dos líderes do protesto, de forma pacífica e ordeira, segundo os relatos da correspondente da BBC no local. “Queremos saber de que lado está o exército”, diziam alguns dos manifestantes, citados pela Reuters. Ao fim de duas horas, a multidão abandonou o recinto, sob o olhar atento dos militares.
O derrube de governos pelo exército não é uma novidade na Tailândia. Desde o estabelecimento da monarquia constitucional, em 1932, o país passou por 18 golpes militares ou tentativas, incluindo o mais recente, em 2006, quando o Governo do então primeiro-ministro Thaksin Shinawatra foi derrubado pelo exército. No entanto, um alto dirigente do ministério da Defesa assegurou que os militares não vão participar em qualquer levantamento desse tipo. “Não há qualquer movimento de tropas ligado à situação actual”, garantiu o general Niphat Thonglek, citado pela AFP.
Ao mesmo tempo, centenas de pessoas concentraram-se em frente à sede nacional do partido governamental, Puea Thai. “Vamos enviar duas companhias de polícia [cerca de 300 agentes] para a sede do partido Puea Thai depois de nos terem pedido protecção”, explicou à AFP o vice-chefe nacional da polícia, Worapong Siewpreecha.
Oposição pede demissão
Estas são as acções mais recentes por parte da crescente oposição ao Governo liderado por Shinawatra, numa semana em que milhares de manifestantes têm ocupado vários edifícios governamentais. O objectivo dos protestos é levar à demissão da primeira-ministra, que dizem ser manipulada pelo irmão, o ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, exilado desde 2006.
Por trás da tensão desta semana está uma lei de amnistia que a oposição diz ter sido elaborada propositadamente para permitir o regresso do irmão da primeira-ministra. O senado tailandês chumbou o diploma, mas os protestos continuaram.
Na quinta-feira, Yingluck Shinawatra apelou ao fim dos protestos, depois de o seu Governo ter ultrapassado uma moção de censura apresentada pelo Partido Democrata, na oposição. “O Governo não quer entrar em nenhuns jogos políticos porque acreditamos que isso vai deteriorar a economia”, afirmou Shinawatra, afastando o cenário de eleições antecipadas.
O líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuban, que é também dirigente do Partido Democrata, rejeita qualquer recuo nos protestos. “Não os vamos deixar trabalhar mais”, garantiu, citado pela BBC.
Aguarda-se uma acalmia da instabilidade popular à medida que se aproxima o aniversário do rei Bhumibol, a 5 de Dezembro, uma data muito respeitada pelos tailandeses. No domingo, cerca de 100 mil apoiantes da oposição desfilaram pelas ruas de Banguecoque, um número que se tem vindo a reduzir nas últimas acções, de acordo com a BBC.
Apesar de não terem ainda sido registados episódios de violência, os protestos dos últimos dias são os mais significativos desde as manifestações de 2010, promovidas pela Frente Nacional Unida de Democracia contra a Ditadura, que resultaram em mais de 90 mortos e levaram à demissão do Governo do Partido Democrata. Na sequência da queda do Governo, o Puea Thai, de Yingluck Shinawatra, subiu ao poder, onde permanece até hoje.

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