sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Monarquia sunita do Bahrein quer clérigos xiitas a condenar e proibir violência



O príncipe herdeiro do Bahrein disse hoje que os líderes religiosos xiitas devem criticar o recurso à violência, como um passo essencial para aliviar a tensão no reino, que dura há 22 meses.
Ao discursar na abertura de uma conferência internacional sobre segurança, Salman bin Hamad Al Khalifa realçou o entendimento da monarquia sunita quanto à responsabilização parcial dos clérigos xiitas pela violência crescente nesta estratégica nação no Golfo Pérsico (ou Arábico).
O seu discurso sugere que as autoridades do Bahrein podem vir a aumentar a pressão sobre os principais clérigos da hierarquia religiosa xiita, a quem designou por 'aiatolas', um termo associado por norma às figuras religiosas seniores do Irão.
"Apelo a todos os que discordam do Governo, incluindo os aiatolas. Para condenarem a violência nas ruas de forma inequívoca. E mais, que proíbam a violência", disse Salman bin Hamad Al Khalifa a dirigentes políticos e figuras políticas reunidas na conferência anual designada por Diálogo de Manama.
Não obstante, o príncipe disse também que acreditava que "o diálogo é o único caminho que permite avançar" e que era momento de "uma liderança responsável".
Mais de 55 pessoas foram mortas nos confrontos e protestos que começaram em Fevereiro de 2011, quando a maioria xiita do país intensificou a expressão de velhas reivindicações para uma maior representação política no país dirigido pelos sunitas.
A monarquia fez algumas concessões, incluindo aumentar os poderes do parlamento eleito, mas nunca abrandou o controlo sobre políticas e ministérios estratégicos.
Os líderes religiosos xiitas, incluindo o clérigo xeque Isa Qassim, o mais velho de todos, nunca apoiaram publicamente a violência, mas encorajaram protestos pacíficos antigovernamentais.
A conferência inclui representantes de alto nível dos aliados ocidentais da família reinante do Bahrein, que têm apoiado a liderança do reino, mas que estão crescentemente críticos devido ao aumento da violência e à continuação da repressão da oposição.
A delegação dos EUA é liderada pelo subsecretário de Estado, William Burns, e inclui o senador republicano e ex-candidato presidencial John McCain.
O príncipe herdeiro agradeceu a várias nações pela ajuda na crise política, mas omitiu os EUA, uma omissão que evidenciou as relações cada vez mais tensa entre os dois Estados.
O Governo de Washington apelou ao diálogo no Bahrein, mas condenou fortemente os seus líderes, por terem decidido, no final de Novembro, proibir manifestações políticas.
O Bahrein é a base da V Frota na marinha dos EUA e a principal plataforma norte-americana contra a crescente afirmação militar do Irão no Golfo.

 

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