sábado, 2 de junho de 2012

CAMBOJA CONTRA PEDOFILIA

A legião de motoristas de “tuk-tuk”, o transporte mais popular do Cambodja, percorre diariamente as ruas de Phnom Penh para ser os olhos e os ouvidos das organizações que tentam acabar com pedofilia no país.
Numa iniciativa desenvolvida pela organização Friends International, sob o programa intitulado ChildSafe Network, quase 500 pessoas que conduzem aqueles triciclos, a que se designou chamar “tuk-tuk” e que são os moto-táxis, vigiam turistas e locais suspeitos de abrigarem alguém na companhia de um menor.
As informações que dão são cruciais para as autoridades poderem aprofundar investigações e deter supostos pedófilos.
“Os ‘tuk-tuk’ estão em todos os lados, vêem muitas coisas e não são vistos com desconfiança, são os informadores perfeitos”, disse, à agência, Efe Rithy Nhem, coordenador da rede.
”Também trabalhamos com empregados de hotéis e de hospedarias que nos avisam se virem algum cliente entrar com um menor que não esteja registado como filho”, afirmou este activista cambojano empenhado na luta contra a pedofilia. Da rede, que cresce com a passagem do tempo, também fazem parte donos de restaurantes e trabalhadores de agências de viagem.
A maioria dos “espiões” está distribuída por uma zona turística popular nas margens do rio, onde proliferam bares e restaurantes e pela qual passam crianças dos dois sexos que oferecem postais e outras lembranças do Camboja.
O seu uniforme, camisa azul com o logotipo da rede – uma grande mão branca com o polegar levantado –, já é conhecido nas ruas de Phnom Penh, embora também haja voluntários que prefiram passar despercebidos.
Bun Thoun é um desses “espiões” que todas as noites percorrem parte da capital cambojana a transportar turistas sem perder qualquer pormenor.
“Tenho que ligar uma ou duas vezes por mês para a ONG e, às vezes, directamente para a Polícia, se verificar que o caso é sério”, declarou.
Mas, os estrangeiros não são o seu principal objectivo. São os cambojanos, para muitos dos quais a virgindade é uma mercadoria.
“Alguns cambojanos preferem menores por terem a certeza que são virgens", disse o motorista.
A identificação dos estrangeiros que abusam de menores é mais simples, difícil é a dos nacionais, que podem ser familiares ou conhecidos das crianças.
“Há formas de reconhecê-los. Pela roupa, por exemplo. Mas é difícil vê-los porque sabem bem como se esconder”, frisou.
Já Borin sai com seu “tuk-tuk” bem cedo, quando a concentração de turistas é maior em museus e palácios e muitos bares ainda não abriram as portas.
“Nunca vi nada, talvez porque trabalho durante o dia”, referiu Borin, para quem o principal papel é consciencializar os visitantes.
“Muitas vezes tento explicar aos turistas que, se virem alguma coisa, também têm de denunciar, mas eles não ouvem, querem é divertir-se”, afirmou

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