segunda-feira, 5 de setembro de 2011

OPOSIÇÃO NO BAHREIN DIZ QUE A REPRESSÃO AINDA, MESMO DEPOIS DO PERDÃO REAL

Líderes políticos opositores à monarquia de Barein denunciaram hoje assédio do Exército e as forças policiais contra a maioria xiita, depois de desprezar o perdão do rei desta ilha do Golfo Pérsico.

Apoiadas por tropas de Arábia Saudita, a polícia e as forças armadas bareinenses reprimiram ativistas que se manifestaram nas ruas para repudiar o discurso do monarca Hamad Bin Isa Khalifa, o qual alguns qualificaram de "fantasia".

Os antigovernamentais rechaçaram a decisão do soberano de perdoar os manifestantes que foram presos durante a revolta popular xiita que explodiu em fevereiro deste ano e que foi sufocada brutalmente com ajuda de tropas sauditas e dos Emirados.

Milhares de opositores saíram no domingo às ruas de Manama e outras cidades para uma mobilização que ainda nesta terça-feira tem em alerta às forças de segurança, decididas a impedir novos âmagos de rebelião.

O rei Khalifa chamou à unidade nacional em uma tentativa de restaurar a estabilidade e tranquilidade, mas familiares dos mais de 30 mortos durante as revoltas lhe reprovaram a cruenta repressão aos manifestantes pacíficos na agora arrasada Praça da Pérola.

Saeed Shehabi, membro do Movimento Bahreiní da Liberdade (BFM, por suas siglas em inglês), considerou que o soberano árabe "delirou" quando achou que familiares de mortos e sobreviventes aceitariam ser indultados por ele, e recordou que as vítimas foram os xiitas.

Barein é governado pela família Khalifa, membro da minoria muçulmana sunita, mas vive desde fevereiro passado uma forte crispação social alentada pela maioritária população xiita, que se queixa de discriminação e falta de direitos políticos.

Shehabi apontou que, em todo caso, quem deveriam pedir perdão são as autoridades que ordenaram torturar a quem exigiram reformas democráticas como a implantação de um sistema de monarquia constitucional para poder eleger ao governo.

Khalifa assegurou em seu discurso do domingo que "permitiria compensações para prisioneiros vítimas de abusos das forças de segurança", e que reinstalaria em seus postos a empregados e estudantes (xiitas) destituídos por sua filiação política.

No entanto, advertiu que prosseguirão os julgamentos contra detentos, incluídos médicos e enfermeiras que assistiram a manifestantes feridos, por sua participação nos protestos antigovernamentais