quarta-feira, 27 de julho de 2011

CHINA CRITICOU O ENCONTRO DO DALAI LAMA COM BARACK OBAMA

China criticou ontem o presidente norte-americano, Barack Obama, por este ter ignorado o pedido de Pequim para cancelar o seu encontro com o Dalai Lama, líder espiritual do Tibete. A reunião, no sábado, só foi dada a conhecer pela Casa Branca na sexta-feira ao fim do dia e, de acordo com um comunicado do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, "interferiu grosseiramente nos assuntos internos da China". Apesar de tudo, um comunicado divulgado depois da reunião informa que "o presidente [Obama] sublinhou a importância que dá à construção de uma aliança cooperativa entre Estados Unidos e China".

Obama tinha já recebido o Dalai Lama em Fevereiro de 2010, aumentando a tensão entre Washington e Pequim. Embora a China tenha avisado os Estados Unidos de que o segundo encontro entre Obama e Tenzin Gyatso, o 14.o Dalai Lama, "fere os sentimentos do povo chinês e lesa as relações sino-americanas", a Casa Branca defendeu, na sexta-feira, que a reunião "ilustra o vigoroso apoio do presidente à preservação da identidade religiosa, cultural e linguística do Tibete e à protecção dos direitos humanos dos tibetanos".

Ma Zhaouxu, porta-voz da diplomacia de Pequim, pediu ontem aos EUA que "considerem seriamente a postura da China" em relação ao Tibete, "que tomem providências imediatas para eliminar possíveis consequências, que parem de intervir nos assuntos internos da China e deixem de cooperar e apoiar as forças separatistas que procuram a independência do Tibete". A China considera o líder espiritual um rebelde separatista que procura a divisão do país, e não são por isso raras as vezes que o governo de Pequim protesta cada vez que o Dalai Lama é recebido por dirigentes mundiais. Já o Dalai Lama, este fim-de-semana, afirmou que não procura a independência do Tibete e que espera que o diálogo entre os seus representantes - já que está exilado na Índia desde a rebelião tibetana contra a China, em 1959 - e o governo chinês possa recomeçar em breve. Pequim impôs já várias condições para que o Dalai Lama possa regressar à China, entre as quais aceitar que o Tibete é uma parte inalienável da China e aceitar Taiwan como território chinês.

A reunião de sábado, interdita à comunicação social, durou perto de 45 minutos, após os quais a administração norte-americana emitiu uma declaração sobre o encontro, assim como uma fotografia dos dois laureados com o Prémio Nobel da Paz - o Dalai Lama em 1989, Obama em 2009 - na Sala dos Mapas da residência presidencial, apesar de normalmente os líderes mundiais serem recebidos na Sala Oval. O comunicado sublinha que "o presidente reiterou o seu forte apoio à preservação das tradições únicas" do Tibete e "destacou a importância da protecção dos direitos humanos dos tibetanos na China". Ainda assim, o texto deixa claro que Obama defende que "o Tibete é parte da República Popular da China" e que "os Estados Unidos não apoiam a independência do Tibete".