domingo, 13 de fevereiro de 2011

O TIMING DO REI ABULLAH DA JORDÂNIA

O telegrama diplomático obtido pelo Wikileaks revela que, em 2009, o embaixador dos Estados Unidos na Jordânia duvidava das promessas de reformas políticas feitas pelo rei Abdullah. O documento classificado foi divulgado ao público dois dias depois de o monarca ter nomeado um novo Governo, na sequência de semanas de protestos nas ruas.EUA descrentes das reformas politicas na Jordânia
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O telegrama publicado hoje pelo jornal norueguês Aftenpost, data de outubro de 2009 e é assinado pelo embaixador R. Stephen Beecroft, que se manifesta pessimista quanto à capacidade reformista da monarquia jordana.

Na missiva o chefe da representação diplomática americana em Amã descrevia o rei Abdullah como “um reformador progressista”, que muito frequentemente não faz acompanhar as suas ideias com “ações concretas no terreno”.

O “timing” da divulgação da mensagem coincide com uma onda de contestação popular na Jordânia, que, na terça-feira, levou à demissão do primeiro-ministro Samir Rifai e obrigou o monarca hashemita a nomear um novo Governo, chefiado por Marouf Bakhit.

Bakhit, um antigo general que já serviu como primeiro-ministro entre 2005 e 2007, foi encarregado pelo rei de levar a cabo “verdadeiras reformas políticas” com vista a melhorar “o impulso democrático” no país e garantir “uma vida segura e decente para todos os jordanos”.


"Verdadeiras reformas"
Um comunicado do palácio afirmava ser impossível dar uma vida melhor à população, “sem verdadeiras reformas políticas que aumentem a participação popular na tomada de decisões”.

A nomeação de um novo Governo não satisfez a Frente de Ação Islâmica na oposição, que contesta a escolha do novo primeiro-ministro e considera que as reformas prometidas não vão suficientemente longe.

Este poderoso movimento islâmico têm repetidamente garantido que não quer derrubar o rei Abdullah, a quem compete nomear governos, aprovar legislação e dissolver o parlamento.

Os seis milhões de jordanianos, na maioria com menos de 25 anos, estão confrontados com uma alta taxa de desemprego (11,9 por cento no último trimestre de 2010) e com aumentos sucessivos nos preços dos combustíveis e bens alimentares, que têm vindo a alimentar o descontentamento da população.