domingo, 13 de fevereiro de 2011

CRISE EGIPCIA

Penso ser difícil que haja a ascensão no poder de um grupo fundamentalista por causa de duas razões.Primeira é que a sociedade egípcia historicamente é mais aberta que a iraniana. No Egito, o Islamismo costuma ser mais aberto, como na Turquia. Segunda razão é que o Egito não tem um campo de manobra semelhante ao Irã para fazer uma transformação tão radical como aquela feita em 1979. O que se espera no Egito é a ascensão de um movimento islâmico moderado que venha a combinar com toques de reforma política”.




Creio que a transição será complicada porque envolve muitos setores do Estado, bem como interesses. De início deverá haver algum grupo político que goze de alguma credibilidade. Pode ser que esse grupo seja o dos militares que consiga se desvencilhar do companheirismo do antigo presidente Mubarak, justamente para não dar a impressão de que as coisas mudam, mas não se movem.




Se tratando de Oriente Médio, onde as regras do jogo político nem sempre são compreendidas para nós, há sim tal perigo. Pessoalmente acredito que a ideia de perpetuação no poder do senhor Tantawi deverá ser bem limitada, pois seu campo de ação não é dos mais longos e ainda corre o risco de por tudo a perder.




Diretamente não há como dizer que a renúncia de Mubarak seja fator irradiador para todo o mundo árabe, isto porque não há uma unidade entre aqueles países, da mesma forma que também não há homogeneidade de posições nos países da América Latina, embora procurem achar uma. O Marrocos, por exemplo, é uma monarquia mais aberta, dificilmente aconteceria lá algo semelhante ao Egito. A Arábia Saudita é sim uma monarquia autoritária, mas boa parte de seus credos tem boa receptividade na sociedade mais bem organizada, que vê na família real a garantia de uma estabilidade. Assim, teremos de dar tempo ao Egito para ver o que ocorre no futuro.